26/11/2007

Solidão


Quase todos temos uma terrível sensação de medo da solidão embora saibamos que estar só nem sempre é um drama, que por vezes é apenas um troço do caminho, opcional ou involuntário.

Nos grandes momentos de dor a experiência do isolamento é muito provavelmente inevitável e imprescindível. Por muitas pessoas que sofram em causa comum e por muito boas intenções que traga quem se aproxima para dividir a nossa dor, a verdade é que há na experiência do sofrimento algo de “insociável” e “inalcançável” por quem quer que seja. A nossa dor tem vida própria que nenhum grito revela, que nenhuma lágrima apaga e que nenhum abraço alivia. Aí, apenas o silêncio e a solidão nos apazigua e nos permite comungar a vida, renovar forças para encontrar caminhos, abrir portas e construir pontes para uma nova etapa seguramente mais feliz.

Estar só nem sempre significa solidão. O verdadeiro drama é quando isto se traduz em isolamento social e sobretudo afectivo, abre crateras no prazer de conviver e impede a partilha de experiências e emoções.

Se o vazio for casual não é propriamente um problema mas quando se prolonga por dias, meses ou anos de vida deixa marcas profundas e muito provavelmente irreversíveis num ser humano, tornando-se uma agonia silenciosamente mortal, toldando gestos e envenenando vidas…


Quem é que nunca se sentiu só, absolutamente só, rodeado de gente?

9 Papeis:

Eme disse...

Às vezes a solidão é mesmo precisa quando se busca alguma luz. Em todas as estações da vida, por mais que cresçamos ou prosperemos chega sempre a altura em que desejamos isolar-nos do superflúo. É saudável e dispensa desculpas ou explicações uma vez que também temos direito a ser nós próprios.

Beijo imenso em meia solidão :)

Anónimo disse...

Espera e escuto o som duma voz,
e o ecoar dos passos. Abro a porta
olho e com os dedos entrelaçados e
agora já a solidão do silêncio volta a existir... A solidão dum silêncio que fala dum profundo silêncio...
Beijos no meu silêncio

Frederico Almada disse...

Não há fuga...!

Quando a saudade da escrita consome
E sentimos a falta da adrenalina
Da expectativa dos comentários
De pessoas mesmo sem nome
Que lêem a nossa prosa ou rima
E os amigos que não têm horários
Para nos ler ou incentivar a escrever
De conhecer o que nos vai na alma
De sentirem na nossa escrita
Como algo que eles estão a viver,
Sentindo como sua a nossa história
Sejam palavras de alegria ou desdita
Ao partilharmos nossa derrota ou glória
Ou apenas pedaços de um sonho inventado
De uma ilusão de um coração destroçado
Ou alguém em revolta que grita
Palavras aragem na fuga da solidão,
Palavras poemas, pedaços de uma canção
Não há fuga para que tem no sangue a escrita!

Um “poeta” no exílio das palavras saúda o teu ressurgir!

Eric All

Embryotic SouL disse...

Olá Amiga Crystal!

Antes de mais, que estremeçam os corpos esguios das roseiras, soltando as mais coloridas pétalas à tua passagem, ou melhor, a este teu singelo regresso. Há quanto tempo, quantos foram os ventos que dobraram os contornos de uma planície desde que não falamos? Imensos foram certamente, mas tenho bem na memória os actos, as cenas desse tempo. Quanto à letras sentidas, concordo piamente, existem tantas e tantas variações da palavra solidão. Costumo eu, alma de letras humildes dizer, que não existe alma que não sinta o sabor da solidão, seja pacífica, dormente, singela e até inconsequente, sim, as solidões são tantas e em diferente tempo, vida e até sentida, em cada mudança de vento. Verdade o é, quem nunca se sentiu só rodeado pelos amigos, familiares e mais? Eu, vergonha alguma tenho ao afirmar que a sinto, seja no abismo do meu ser, no sorriso da lua, ou até, nos labirintos do meu coração a adormecer. A solidão, não é mais que uma vírgula retorcida sob a voz, momento de sabor atroz, tempo suspenso no vento mas também silêncio ameno, naquele que me é, meu canto, meu mundo e minha foz. Fico feliz por regressares com esta força e transparência. Bem hajas...

Beijo Sentido

Isabel disse...

Bem vinda a este mundo que nos rodeia e dá força.
Cada palavra que li, neste post, soube-me a algo que vivi de muito perto durante algum tempo.Será que vivi e já não vivo?!
É confuso o ruído que envolve a nossa solidão; olhamos e nada queremos ver.Estamos sós no meio de muita gente. Não é justo; estamos rodeados de quem nos quer bem e não lhes damos a oportunidade de penetrarem no nosso Eu.
Eis que surge uma luzinha e que, um após outro, nos deixa vislumbrar as manifestações de carinho que, até aí, não queríamos ver.
O importante é que voltámos e que, a pouco e pouco, vamos deixar soltar o Eu que aprisionámos um dia.

Bjnh

Anónimo disse...

M.

Minha linda, responder-te o quê? Ambas sabemos bem do que falamos…

Obrigada por tudo, és pilar deste Crystal.


LUITA

De quantas noites de solidão me afastaste tu, quantas vezes me deste a mão e me fizeste caminhar ao teu lado? E tantas são as vezes em que as palavras entre nós não fazem sentido…Tu sabes!


ERIC

Meu eterno poeta favorito, é tão bom contar sempre com o teu carinho, o teu apoio e as tuas palavras de sonho. Eu disse, eu disse…Para nós não existe tempo, não existe espaço, está tudo ganho.

Beijo grande

SENTIDOS

Bem hajas tu, meu amigo. A tua presença é muito para mim, tens sempre a palavra certa. Obrigada.

ISABEL

Hoje a luzinha foste tu, sabias? Tudo se supera, tudo se ultrapassa, com fé e coragem. Do pouco que sei de ti, sei que tens ambas.

Beijo doce

Ni disse...

Linda Crystal!

O eterno dilema de estarmos sozinhos por dentro quando temos tanta gente a nossa volta. E até chega a incomodar essa sensação de solidão com o sufoco de muitas pessoas ao mesmo tempo.

Mesmo assim, o estarmos solitários, e não sozinhos, por vezes, faz-nos tão bem... Eu adoro meditar um bocadinho sempre que me apanho sozinha.

Beijinho muito bom**

* disse...

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinicius de Moraes
bj

Anónimo disse...

Ni, é imprescindivel que todos tenhamos tempo para esses diálogos...

deepblueangel, obrigada por vires e me ofereceres Vinicius.


Beijinho grande para as duas

 
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