11/12/2007

Há dias assim...



Pequenino, tão pequenino o vi hoje…Apeteceu-me abraça-lo, dar-lhe colo, enchê-lo de mimos…Corro tanto, tenho tantas prioridades, esqueço, passo, sigo, adio o afecto e a atenção, não lhe dou o que merece.

O meu pai!

77 Anos e já quase nada resta de dureza num homem que não me lembro de ver chorar. Chorou hoje, pela saudade de um cão.

“Não me digas nada - pediu-me - eu sei que é o que tem que ser…mas sinto tantas saudades, faz-me tanta falta! Não digas nada.”

Não quis crer no que estava a ver…As lágrimas fizeram brilhar os olhos cansados que eu nem me lembrava de serem tão pequeninos…

Dei-me conta do quanto estão frágeis os meus pais, de quanto se sentem sós. Têm 4 filhos, 8 netos e vivem tão sós…

Apeteceu-me abraça-lo, dar-lhe colo, enchê-lo de mimos…Apeteceu-me mas não o fiz, apenas lhe apertei ligeiramente o braço, num carinho.

É tão fácil para mim abraçar a minha mãe, uma amiga, um filho, alguém de quem goste, sou uma mulher de abraços…mas não sei abraçar o meu pai, não sei dizer-lhe amo-o, o paizinho é muito importante para mim… Sei que desde sempre me apeteceu fazê-lo, meu pai sempre foi o meu ídolo, meu forte, meu cais. Em pequenita o meu delírio era quando ele me lavava as mãos que se perdiam nas dele, escorregando no sabão e eu brincava, tentava tirar-lhas e ele agarrava-as, riamos os dois. Nas mãos dele o meu mundo era perfeito. Ainda hoje é o meu pilar, tanto que me esqueço que já não tem força para sê-lo e que provavelmente hoje precisava que eu soubesse saltar fronteiras e o abraçasse…




1 Papeis:

Eme disse...

"Apeteceu-me abraça-lo, dar-lhe colo, enchê-lo de mimos…Apeteceu-me mas não o fiz, apenas lhe apertei ligeiramente o braço, num carinho."

Se queres um conselho não te deixes ficar por aí.. Porque um dia sentirás aquela vontade enorme de o ter feito e será tarde.

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