26/05/2008

Acreditam nisto?



“Acreditam nisto? Parece impossível... É muito grave..”

Assim começa um e-mail que recebi outro dia alertando para o caso de um médico anestesista que violou uma paciente no bloco operatório, em Aveiro.

"A todas as mulheres e maridos/companheiros que zelam por suas esposas/companheiras, que isto sirva como alerta. Estas fotos foram tiradas das imagens de uma câmara escondida numa sala de cirurgia do Hospital Dom Pedro em Aveiro. O médico anestesista alem de ser processado pelo Hospital e pela família, perdeu o CRM. Para cúmulo, neste país, está solto e a responder em liberdade.
A paciente estava com anestesia geral e por isso nada pôde fazer para se defender!”


As imagens que documentam este e-mail levam-nos a ponderar a veracidade da notícia mas segundo o Gabinete de Comunicação do Hospital Infante Dom Pedro, em Aveiro, este é apenas mais um dos boatos cíclicos que circula na Internet. A mesma fonte adianta ainda que a anterior administração apresentou queixa na PJ contra desconhecidos, há cerca de três anos, mas não aconteceu nada e agora o boato voltou a circular e pelo que consta não é o único uma vez que a própria cita um outro com o titulo “O quarto 311” que é no mínimo ridículo:


“Durante alguns meses acreditou-se que o quarto 311, do hospital Dom Pedro em Aveiro, tinha uma maldição. Todas as sextas-feiras de manhã, os enfermeiros descobriam um paciente morto neste quarto da unidade de cuidados intensivos. Claro que os pacientes tinham sido alvo de tratamentos de risco mas, no entanto, já se não encontravam em perigo de morte.
A equipa médica, perplexa, pensou que existisse alguma contaminação bacteriológica no ar do quarto. Alertadas pelos familiares das vítimas, as autoridades conduziram um inquérito. Os utentes do 311 continuaram, no entanto, a morrer a um ritmo semanal e sempre à sexta-feira. Por fim, foi colocada uma câmara no quarto e o mistério resolveu-se: Todas as sextas-feiras de manhã, pelas 6 horas, a mulher da limpeza desligava o ventilador do doente para ligar o aspirador!!!”



(neste caso dá vontade de perguntar se a aspiração do quarto só é efectuada às sextas-feiras…)



Agora o que eu gostava mesmo de saber é o que leva as pessoas a colocarem este tipo de boatos a circular para denegrir a imagem de um hospital que luta (como todos os outros) para melhorar e dignificar os serviços prestados aos utentes. Eu já lá estive, sei que existem falhas, existem sim elementos a trabalhar ali que talvez não tenham sido talhados para lidarem com o sofrimento alheio mas também existem profissionais de uma humanidade e capacidade excepcional, existe quem se preocupa, existe quem dá tudo de si em prol dos outros. Esta pirataria ajuda quem? Os doentes? Os funcionários? Gostava, juro que gostava de conseguir compreender as pessoas…

Este é mesmo um mundo-cão!

19/05/2008

Toca-me



Toca-me! Deixa que as tuas mãos macias percorram os recantos da minha pele beijando a textura de seda nascida por ti e para ti. Que importa que não existam promessas? Os teus olhos que me queimam fazem de cada momento a eternidade, no sussurrar de um instante de amor infinito. Beija-me agora, deixa-me beber-te da nascente do prazer onde ser-te é tudo o que tenho de mim. Faz-me tua agora, despida de realidade, no abandono da razão...
Anda, toca-me,depressa! Tenho urgência de morrer em ti!


(em memória de Ariana)

06/05/2008

O teu Maio



“Escreve mulher ! É uma ordem! E dá a conhecer as tuas letras ao Homem que lê!”





Passou da hora minha Deusa. Não sabes tu que as palavras têm tempo e vida própria? Oh, se tudo fosse da forma que um dia sonhei!... A cada meia-noite eu pegaria nas letras como se de um filho se tratassem e por magia transformá-las-ia num só verbo, naquele verbo sereno da verdade absoluta que não se traduz.

Hoje, se o tempo não fosse subjectivo, as palavras surgiriam sem pontos de interrogação, não importaria o sentido nem que alguém o encontrasse para além de mim. Mas no meu relógio de vento já não habitam as palavras, já não mato na escrita breves instantes que não o são, os mil fragmentos coloridos de cristal, as pedras de sal, a meiguice do ser, do sentir, do viver, hoje vão além de um sopro de sonhos sepultados, esquecida que foi a ousadia de seguir a vida em contramão, ultrapassada que foi a necessidade de lutar contra moinhos de vento.


Como eu queria minha Deusa ainda assim conseguir falar de quimeras através da magia de um teclado que tantas e tantas vezes voou debaixo dos meus dedos sem que dele desse conta no devaneio de tantos sabores sentidos, repletos de odores e sabores exóticos e amordaçados. Sim, faz-me falta o bailado dos dedos e foi pela saudade dele e por ti, por nós as duas e por aquela dança louca que um dia nos prometemos que aqui voltei esta noite, às palavras, ainda que sem magia, numa talvez vã tentativa de matar uma vez mais sentires contraditórios inspirados numa madrugada morna de Maio. Do teu Maio, deste mesmo onde vieste buscar-me!...

 
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