31/01/2008

Mutilação genital feminina




O holocausto silencioso das mulheres a quem continuam a extrair o clítoris.


Este é sem duvida um dos temas tabu das sociedades ocidentais: todos sabem que existe, mas ninguém levanta muito a voz que o problema não é nosso e é bem mais fácil fingir que não existe. Esse é aliás um dos maiores males da humanidade, sabemos que existe mas preferimos ignorar os detalhes na base do respeito pelos usos, costumes ou tradições, ou porque pura e simplesmente aplicamos a máxima”longe da vista, longe do coração”

Pois por estes dias deu-me assim uma espécie de necessidade de saber mais sobre um costume bárbaro para uns, legítimos e indiscutíveis para outros.

Em que consiste afinal esta mutilação?

Dependendo da região, a mutilação varia de intensidade. No tipo de mutilação mais brando, a ponta do clítoris é cortada. Em alguns rituais, ele é integralmente extirpado (clitoridectomia). Na versão mais radical, é feita uma infibulação: são retirados o clítoris e os lábios vaginais e, em seguida, o que sobrou de um lado da vulva é costurado ao outro lado, deixando-se apenas um minúsculo orifício pelo qual a mulher urina e menstrua. Neste caso, a mulher "costurada" só é "aberta" para o marido.


Associada à castidade e à crença de que diminui o desejo sexual e reduz o risco de infidelidade, a mutilação é realizada sem nenhum tipo de anestesia, com instrumentos não-esterilizados como facas, navalhas, tesouras, giletes, tampas de latas ou mesmo cacos de vidro. Na infibulação usam-se espinhos para juntar os lábios vaginais maiores e as pernas podem permanecer amarradas por até 40 dias. O praticante pode ser um médico, uma parteira, um barbeiro ou uma curandeira. A menina é imobilizada com as pernas abertas e utiliza-se apenas água fria para intumescer esta parte do corpo.

As consequências

Como é óbvio, a mutilação genital feminina traz graves problemas à saúde. Os possíveis efeitos imediatos são muita dor, hemorragias e ferimentos na região do clítoris e dos lábios. Depois há o risco de contrair tétano, gangrenas, infecções urinárias crónicas, abcessos, pedras na bexiga e na uretra, obstrução do fluxo menstrual e cicatrizes proeminentes. A primeira relação sexual só é possível depois da dilatação gradual e dolorosa da abertura que resta.

Aquelas que foram infibuladas sofrem mais do que as restantes. A menstruação é incrivelmente dolorosa. No parto, podem acontecer complicações sérias para o bebé e para a mãe. Nessas ocasiões, elas precisam fazer a reabertura da vagina [abre-se cortando com uma navalha] e qualquer demora acarreta uma pressão às vezes fatal no crânio e na coluna da criança. Quando a mãe não faz a abertura da vagina, a saída do bebé do útero pode provocar cortes que vão da vagina ao ânus.




Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estimam que cerca de 130 milhões de mulheres e crianças tenham sido já submetidas à prática da MGF e cerca de 2 milhões se encontrem em risco de serem circuncisadas.

E em Portugal?

No que se refere a esta prática tradicional e ainda de acordo com a OMS, Portugal é considerado um país de risco já que as comunidades migrantes aqui residentes e oriundas de países onde a MGF existe, poderão continuar esta prática e, para além disso, muitas mulheres já sofreram mutilação nos seus países de origem, necessitando de cuidados de saúde específicos, físicos e psicológicos.

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5 Papeis:

Eme disse...

PORRA!!!

Nao aguento ver isto :(
Apetece me matar quem faz isto

Rafeiro Perfumado disse...

Nem parece que vivemos num mundo civilizado...

Anónimo disse...

incrível...tradições que trazem sofrimento..ñ concordo...horrível...

maria cecilia disse...

Olá gostei imenso do blog, afinal tb sou "cão" no zodáco chinês...deve ser por isso, que encontrei muitas das minhas perplexidades neste blog. Parabéns

Cor disse...

Gostei bastante no geral do blog.

Quanto a este assunto, infelizmente o ser humano é capaz de tudo.

Um beijo, ana

 
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